domingo, 27 de fevereiro de 2011

O Beijo da Morte - Parte 2

Minha reação foi sair daquele cemitério o mais rápido possível, voltei para a escola, ainda havia tempo de assistir as duas últimas aulas e foi o que fiz, ou ao menos pareceu que fiz, não conseguia tirar da minha mente aqueles olhos, aquele verde tão profundo que parecia que em segundos havia me feito mergulhar num abismo sem fim, seu rosto não era o que me fazia perder a conscentração mas também parecia tão belo, as palavras do professor, o murmurinho na sala, nada me tirava do meu extase, naquele minuto decidi, voltaria na outra noite ao cemitério e teria de vê-lo, nem que fosse por mais uma vez apenas, mas eu necessitava, necessitava demais sentir aquela presença outra vez perto de mim.
Passei o dia distraida, trancafiada em meu quarto, meu desejo de encontrar aquele estranho estava torando uma obseção, mas eu o encontraria, custasse o que custasse eu o encontraria.
Pois eis que a noite veio, mas desta vez sem a lua maravilhosa, nublada, com raios cortando o céu num balé faiscante, macabro e sedutor.
Não sei porque, vesti-me de negro, maquiei meu rosto em tons góticos, unhas negras, era como se algo me pedisse por isso... e fui até o velho túmulo.
SEntei-me e fiquei esperando, tinha certeza de que ele viria, foi então que num cruzar de raios a claridade me mostrou aquele homem, vestido de negro, de uma beleza de cerâmica, olhos verdes como jades, pele tão alva que parecia uma louça frágil, cabelos castanhos ondulados, pude ver seus contornos no clarão do raio, alto, corpo normal, nem fraco nem forte, uma beleza leve e sedutura.
Ergui-me do túmulo, sem falar, sem questionar apenas senti seus braços me envolverem e um beijo...
Seus lábios eram gélidos, seu corpo era frio, mas o encanto que emanava não me fez temer nada, tinha um toque agradável, mãos de um verdaeiro cava o calheiro, seu corpo emanava o perfume de jasmins frescos e seu hálito era apenas neutro.
Quando terminou o beijo ele mirou-me com seus olhos cintilantes e sob os raios eu vi seu rosto ainda mais belo que antes, e foi então que ouvi sua vóz, encantadora, doce:
_ Por que voltou?
Por instantes titubiei, mas aqueles olhos...
_ Queria te ver uma outra vez que fosse... saber quem é.
 _ Não deveria ter se arriscado em vir ao meu encontro, agora o que  farei se senti o pulsar de teu coração, se senti o calor do teu corpo? Não posso te envolver na minha sina.
_ Mas eu te senti e não posso mais fugir... não me interessa que você seja, não me impessa de te encontrar.

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