quinta-feira, 28 de abril de 2011

— E se eu não quiser ir?
— Tu vai, eu sei que não vai me deixar ir sozinho até lá, além disso encare esse convite como uma cobrança, tu me deve um favor e a tua companhia esse fim de semana é meu pagamento.
— Está bem, eu irei...
Por todo o dia Layla esteve circulando pela fazenda, Leonardo queria mostrar tudo o que não havia mostrado na visita anterior, quando a noite chegou trouxe com ela um friozinho gostoso. A lareira foi acesa e os dois sentaram-se no chão, apenas o clarão das chamas iluminava a sala:
— Trouxe um vinho para nós.


— Não bebo Leonardo.
— Só uma taça não vai fazer mal algum, bebe.
— Está me tentando?
— Estou, estamos sozinhos, ninguém vai ver se nos embebedarmos.
Tomando a taça das mãos dele ela tomou um pouco do vinho.
— Tenho que te dizer uma coisa Layla, uma coisa que não tenho coragem de admitir.
— E o que é?
— Se estivermos sob o efeito do vinho eu terei coragem, por isso quero te embebedar e me embebedar.
— Prefiro ouvir as coisas sóbrias e de pessoas sóbrias.
— Se é assim que tu queres... Layla, quando eu me casei contigo foi simplesmente para fazer a vontade da minha mãe quanto aquele menino, mas depois eu te conheci melhor, não eras só a funcionária impertinente que já chegou na empresa me desafiando, eras mais do que isso.
— E o que tem isso?
— Nos casamos para termos um casamento de aparências, mentiras e só isso, jamais cogitamos a idéia de consumar esse casamento.
— Isso sempre ficou bem claro para ambos.
— Ficou... — ao dizer isso ele aproximou-se dela e começou a acariciar seu rosto — mas o passado não importa.
— O que quer dizer? Layla afastou a mão dele de seu rosto.
— Lembra quando eu te beijei naquele restaurante? Naquela noite eu só queria uma foto para provar que estavamos casados, me diverti te irritando.


— Eu sei disto.
— Mas naquele dia no engenho não haviam câmeras, não havia nada que me fizesse te beijar para provar algo, eu te beijei porque precisava... eu te falei a verdade quando disse que queria sentir o gosto do teu beijo.
— Leonardo, acho melhor irmos dormir.
— Não vamos sair daqui antes de falarmos tudo, fique.
— Não quero ouvir. Layla levantou-se e foi até a janela.
— Fique... Leonardo a seguiu, aproximou-se dela e enlaçou-lhe a cintura.
— Não deveria me trazer até aqui.
— Não, mas te trouxe. Falando isso ele a beijou.
Por algum tempo ela permaneceu muda, parecia não saber como reagir.
— Layla, eu te quero, é isso que tenho que te falar.
— Me solta Leonardo, não podes brincar comigo desta forma.
— Se tu pensas que estou brincando... não me importa, eu quero ficar contigo não só esta noite, mas sempre.
— Tu não entende, eu não posso, a gente só se casou para criar toda essa mentira sobre o menino.
— Será que é tão difícil acreditar em mim? Eu sou teu marido, nunca iria te fazer mal algum.
— Eu sei, mas tenho medo de que tudo acabe... é um conto, nada é real... o homem rico que casa com a garota pobre para ocultar um bebê largado na porta de sua casa. Até onde pensa que isso pode ir?
— Não sei, mas sei que te quero e vou ter... acredite em mim Layla: eu descobri o amor quando te encontrei.


— Até quando?
— Tu não me amas? É isso, não é?
— Se eu não sentisse nada por ti eu ia ter te deixado faz tempo, não teria nem sequer vindo para cá, te ouvido até agora.
— Então onde está o erro?
— No meu coração... não quero sofrer como tua mãe sofreu.
— Mas não sou como meu pai. Jamais te faria sofrer como ele a fez... jamais.
— Me deixe sair daqui Leonardo, estou cansada dessa conversa, cansada de tudo o que está acontecendo conosco.
— Está bem Layla, eu te deixo sair daqui, mas antes de mais nada preciso que me respondas uma coisa: não te darei o divórcio, terás de viver comigo até que a morte nos separe... irás me trair? Se encontrares alguém que consiga despertar teu coração, irás me trair?
— Não... eu não irei te trair, apesar de não estarmos realmente casados eu não vou trair uma promessa que fiz diante das pessoas que estavam em nosso casamento.
— Então por que me negar ao menos uma noite juntos?
— Se tu me conhecesse de verdade saberias, mas não me conheces, estás casado com uma completa estranha, agora me deixe ir, preciso ficar longe de ti, de tua voz e principalmente dos teus braços.
— Então sentes atração por mim? Leonardo a soltou e assim que ela afastou-se questionou-a.


— Eu não sou uma pedra... Layla respondeu e saiu da sala, tinha certeza de que não poderia mais ficar perto dele, sentia-se tentada a simplesmente deixar tudo de lado, mas não podia, não queria envolver-se com ele e sim deixá-lo.
A noite já havia se apoderado de tudo, um sono profundo tomava conta até mesmo dos animais, porém Leonardo não estava dormindo, havia secado a garrafa de vinho e estava ainda sentado frente a lareira, não costumava beber e o álcool fazia com que seu corpo sentisse um estranho calor, além de aquecer sua carne acendia ainda mais seus desejos. Cansado de pensar na melhor maneira de conquistar sua esposa levantou-se, por alguns segundos sentiu a cabeça girar, recuperou-se logo e caminhou até o quarto onde ela estava, forçou a porta, estava trancada por dentro, voltou até a sala e abriu uma gaveta de uma mesa de canto, pegou um molho de chaves e voltou a porta do quarto, testou umas duas até encontrar a que procurava, abriu lentamente a porta.
Layla estava sentada sobre a cama, o barulho na porta a havia acordado, ao vê-lo entrar no quarto e vir de encontro a cama sentiu um calafrio, encolheu-se imobilizada:
— Layla, precisa me ouvir...
— Saí daqui Leonardo! Por favor, já é muito tarde, amanhã conversamos.
Leonardo a agarrou pelos ombros e arrastou para fora da cama:
— Amanhã será tarde para falarmos, não entende o que estou fazendo?
Segura pelos braços Layla não reagia, encarrou o rosto dele, os olhos negros reluziam.
— Leonardo,  o que tu vai fazer comigo?
— Qual é o direito de um marido sobre a mulher? Estás me negando isso, mas esse é meu direito.


—Tu estás me machucando Leonardo, me solta.
— Eu não estou te machucando, apenas estou te segurando, não podes me impedir de te tocar.
— Eu sei que tu és meu marido, sei dos direitos que tens, mas não esqueça de que nosso casamento é somente uma farsa.
Layla continuava apenas olhando para os olhos dele.
— Era uma farsa até que tua inoscente maldade me conquistou, a tua frieza... tu és completamente louca! Eu só não entendo como sendo capaz de jogar a tua vida pela janela por causa de um bebê de uma amiga vadia não podes fazer amor com teu marido!
— Me solta Leonardo, não vamos levar isso mais adiante, nós dois sabemos bem até onde devemos ir com isso. Tu não me queres, queres só provar para ti mesmo que podes me dominar, eu sei disto, não queres uma mulher pobre.
— Eu quero a minha mulher... eu vou ter, é meu direito.
— Sabes que não vou fugir daqui, não vou negar nada porque te devo muito, afinal tu ajudou meus pais, por tua causa eles não estão na rua hoje.
— Eu não estou fazendo isso para te cobrar nada!
— Eu sei, mas eu se o fizer farei por te dever.
Leonardo a puxou para si e a beijou, tinha certeza que estava machucando ela, mas não podia mais negar que a queria, ela por sua vez sabia que ia se ferir, mas além de dever à ele a lealdade de uma esposa, devia muito mais do que ele poderia imaginar, além do que seu coração começava a acelerar a cada toque dele.
Assim ele a possuiu, eram finalmente marido e mulher além das mentiras que haviam semeado, mas não eram marido e mulher para as verdades do mundo.


Quando voltaram para casa encontraram Tonha muito assustada, havia recebido um telefonema que a fez ficar em alerta:
— Mãe, a senhora está nos assustando, o que disse essa pessoa que ligou para cá?
— Era uma mulher, disse que havia lido sobre o casamento, que iria tornar a ligar para falar com Layla. Pediu apenas que dissesse que Layla não tinha o que dizia e nem teria o que pensava.
— Nicole! Tenho certeza de que não pode ser outra pessoa... me deêm licença, vou procurar por ela. Alguma coisa disse para Layla que era a ex amiga.
— Sozinha tu não irás a lugar algum Layla, essa mulher não vai te fazer correr atrás dela com ameaças. Se tu vai procurar por ela eu irei contigo.
— Não Leonardo! Eu tenho de ir sozinha, conheço Nicole muito bem, e tu só vai atrapalhar.
— Tu podes conhecer a tua amiga, mas ela não deve mais ser igual a antes, não poderias ser amiga de alguém tão diferente de ti... Leonardo não aceitava que Layla procurasse pela amiga.
— Apesar de sermos muito parecidas, termos muitas coisas em comum sempre fomos diferentes em um aspecto: as paixões, mas realmente a Nicole não era assim, não a Nicole que eu conheci, ela jamais faria o que fez.
— Então, me deixe ir contigo, me deixe te ajudar...
— Não, não é preciso, deixe que eu a procure sozinha desta vez, se não resultar em nada eu te juro que deixarei ir comigo.


Layla voltou ao antigo endereço da amiga, descobriu que a mesma havia voltado de viagem e estava casada com um senhor bem mais velho, tocando o interfone acabou sendo recepcionada por Nicole:
— Entre Layla, resolvi te procurar, mas soube que havias saido com teu marido.
— Estavamos passando uns dias na fazenda, tinhamos muito o que resolver.
— Bem, vamos direto ao assunto que nos interessa: a criança está com vocês, não está?
— A criança que está conosco é filho de Leonardo...
— E teu? É o que dizem as revistas, mas eu sei bem que não é verdade, e estou disposta a fazer com que outras pessoas saibam disto.
— E o que tu vai ganhar com isso? Tu abandonou o teu filho, eu não sou a culpada por isso.
— Não és a culpada mas és cúmplice! Ou será que tu pensas que um dia, quando esse menino for adulto não irá descobrir que tu não és a mãe dele? E daí Layla, como tu vai explicar para ele o teu estranho casamento com o tal de Leonardo?
— Ele não vai saber de nada... e nem adianta tu querer me fazer ameaças, o menino está registrado como meu filho e do Leonardo, tu não vai poder fazer nada contra a gente.
— Se a justiça souber que vocês mentiram sobre a paternidade do menino no mínimo irá fazer com que respondam á um processo. Mas isso não precisa acontecer, basta que me deêm o que eu quero.
— E o que tu queres?


— Quinhentos mil reais...
— É isso que vale o teu filho?
— É isso que vale meu silêncio!
— Eu não tenho acesso ao dinheiro da família, tenho que conversar com o Leonardo, mas tem um pequeno detalhe: não te arrisca a chegar pero da Tonha ou do Nicolay.
— Vou te dar cinco dias de prazo, nem um a menos ou eu vou aos jornais e todos irão descobrir o que significou o casamento de vocês.
— O que tu pensas que podes dizer sobre o meu casamento?
— Não acredito que tu estejas casada com ele por amor... estão vivendo juntos Layla?
— Não te interessa, mas se  tens curiosidade quanto á nossa vida particular, eu e o Leonardo estamos vivendo como todo casal normal, não sei se me casei por amor, mas agora eu tenho certeza que o amo e muito.
— E ele te ama?
— Não sei...
Layla fingia uma frieza que não existia, do apartamento da ex amiga foi para a empresa, parecia não chegar no escritório de Leonardo.
— O que houve?
— Ela está nos chantageando, quer quinhentos mil reais em troca do silêncio.
— E o que vamos fazer?
— Temos cinco dias e nada mais. Eu não sei o que fazer Leonardo, a Nicole não é a mesma pessoa que um dia foi minha amiga.


— Tenho quase certeza de que vamos perder o Nicolay.
— Infelizmente eu também tenho, mas o pior é o que poderá acontecer conosco, estamos agindo de forma ilegal.
— Não, quer dizer, estamos, mas o menino foi largado na nossa porta, podemos usar isso para abrandar nossa pena, o máximo que vamos ter é um processo, tenho bons advogados aqui.
— E tua mãe? Ela vai enlouquecer se perder o Nicolay!
— Minha mãe terá de entender Layla, certamente ela terá... creio ao menos que sim, netos.
— Mas Nicolay é especial para ela...
— Eu sei, não pense que não estou com o coração apertado com isso, mas a Nicole é mãe desse menino, não podemos negar.
— Não seria hora de procurarmos um advogado, se estivermos preparados talvez...
— Calma Layla, nós vamos fazer tudo o que for possível.
— Se perdermos o Nicolay não haverá mais motivos para mantermos esse casamento...
— E o que aconteceu com a gente? Imaginei que tu finalmente tivesse entendido que eu não quero mais te perder.
— Se o menino se for eu irei embora, não posso continuar com essa história, não sem o motivo que a levou a começar.
Assim que Layla saiu do escritório Leonardo começou a pensar, não poderia deixar que Nicole tirasse o garoto de sua casa, perderia assim a sua esposa e isso era exatamente o que ele não queria.


Naquela noite Leonardo revirou as gavetas de Layla, tinha de encontrar o endereço da tal Nicole e o fez.
Eram onze e meia da manhã quando uma mulher muito parecida com Layla veio abrir a porta do pequeno apartamento, Leonardo esperou apenas o convite para entrar:
— Deves ser a Nicole...
— Sou, se não me engano tu deves ser o marido da minha amiga Layla.
— Leonardo... mas estou aqui não é para falar sobre a minha mulher, vim falar sobre o teu filho.
— Já mandei o recado por Layla, espero que tenha recebido.
— E o que mais tu quer?
— Quer beber alguma coisa?
— Não...
— Eu não posso negar que a Layla teve um bom gosto em casar contigo.
Nicole começou a insinuar-se para Leonardo, tinha na sua mente doentia algum plano maior do que o dinheiro.
— Escuta, eu posso te ajudar, mas quero que fiques longe da minha família e principalmente da minha mulher, é só ela que eu quero... na verdade eu pouco me importo com o teu filho, mas se ele sair da minha casa eu perco a Layla e não vou deixar isso acontecer: não vou deixar que a mulher que é minha saia da minha casa.
— Podemos negociar... Nicole atirou-se sobre ele e o beijou, Leonardo finalmente entendeu o tipo de mulher que ela era e entrou no seu jogo sujo, desde aquele dia tornaram-se amantes, o que a fazia deixar seu filho de lado e assim Layla ficava ao lado do marido.


Nicolay já estava com seis meses, Layla continuava casada com Leonardo, mas tanto ela quanto Tonha haviam percebido nele um comportamento estranho nos últimos meses, parecia arredio, e para piorar nunca mais haviam ouvido falar em Nicole.
Leonardo afirmava ter pago o dinheiro pedido por ela, mas alguma coisa dizia para Layla que ele mentia, e assim uma bela noite ela resolveu seguir o marido que costumava sair sem dizer para onde ia.
Para sua surpresa viu-o entrar no prédio onde morava Nicole, como o porteiro já havia saído ela resolveu subir.
Encontrou o marido no apartamento da ex amiga, um misto de ódio e dor tomou conta dela, desceu correndo sem nem ao menos ser vista por Leonardo, desesperada parecia não enxergar a estrada...
Quando acordou estava num lugar estranho, tudo era branco, muito branco, um cheiro de éter parecia emanar das paredes e um barulho lento, surdo vinha de sua cabeceira, viu quando alguém de branco aproximou-se de sua cama, sim era uma cama, outra pessoa aproximou-se, comentaram que os olhos dela estavam abertos e os seguiam.
Ela queria gritar, dizer que estava ouvindo, que estava vendo eles, mas não conseguiu, sentiu seu corpo pesado, não podia mover-se, estava com o corpo preso por uma amarra invisível, forçou a garganta e um débil som foi ouvido... naquele momento apagou.
— É algum tipo de coma, aparentemente ela não tem nenhuma sequela física, mas será bom que faça umas seções de fisioterapia. Para nos ajudar seria bom que pudessem nos informar o que houve com ela antes do acidente.


— Não sei doutor, não faço nem sequer idéia de onde ela vinha antes do que aconteceu.
— Amanhã poderá levá-la para casa.
Layla podia ouvir a conversa de Leonardo com o médico, mas não conseguia falar, tinha vontade de gritar o que sentia: traidor!
Ao chegar na casa do seu marido ela foi recepcionada por Tonha, no colo o pequeno Nicolay sorria.
Em alguns dias conseguiu sentar-se e recuperou o movimento do tronco para cima, em algumas semanas descobriu que podia falar, mas a figura de Leonardo a incomodava, por isso só revelou isso quando viu-se só com Tonha:
— Eu não quero que Leonardo saiba que estou me recuperando.
— Mas por que isso?
— Naquela noite encontrei ele com Nicole, ele está me traindo Tonha e isso eu não aceito!
— Vou procurar por essa mulherzinha, ela vai ter de sair do teu caminho!
— Não! Eu vou sair do caminho dela, deixarei Leonardo e então os dois que se casem e assumam o Nicolay.
— Não podes fazer isso comigo!
— Desculpe Tonha, mas assim que eu puder andar eu vou sair desta casa, não vim para cá para ser traída dessa forma.
Não levou muitos dias para que Layla voltasse a andar, e assim, numa tarde resolveu surpreender Leonardo no escritório:
— Layla!


— Surpreso Leonardo? Ou será que tem medo de saber onde estive naquela noite?
— O que está dizendo?
— Esqueça da mulher que se casou contigo, eu não quero mais nem sequer te ver, te odeio Leonardo! Mas quero que saibas de uma coisa: eu vi, eu sei da tua traição...
— O que está dizendo?
— Naquela noite eu te segui e sei onde tu foi, e com quem...
— Layla, tu não sabes o que estás fazendo! Vamos para casa, temos muito o que conversar... tu não podes te agitar desta forma!
— Leonardo, talvez tu não tenhas percebido durante estes meses em que estivemos casados, mas eu não sou mulher de aguentar uma traição como esta! Tu me usou! Me usou simplesmente para parecer bem na sociedade! Para fazer de conta que tinha uma família... eu tenho pena Leonardo, tenho pena da tua mãe: ela não tem culpa de ter parido um animal da tua espécie!
— Não podes falar assim comigo Layla, eu não fiz nada do que tu estás pensando.
— Não, talvez tenha feito pior... Leonardo, eu poderia até pensar no caso, mas tu me traiu com a Nicole, e isso eu não vou perdoar, nunca!
— O que vai fazer?
— Vou voltar para a minha terra, quero o divórcio e vou levar o Nicolay, não vou deixar que ele se crie com o teu exemplo como tu te criou com o exemplo do teu pai .
— Não podes tirar ele da minha mãe!


— E quem vai me impedir Leonardo? Tu? Não, porque eu posso provar que ele não é teu filho...
— E eu posso provar que também não é teu, mas não o farei, porque tu não vai sair daquela casa!
— Leonardo!!! telefone, é muito urgente... Anastácia invadiu a sala sem fôlego, parecia realmente apavorada.
Tomando o fone Leonardo pareceu ouvir algo, uma palidez tomou conta de seu rosto e ele sentou-se sobre a mesa, calado, algum tempo depois:
— Estás feliz agora Layla? Minha mãe está a beira da morte no hospital!
— O que?
— Levaram ela para o hospital, problemas cardíacos graves.
— Vou até lá!
— Não Layla — Leonardo a segurou pelo pulso, impedindo que saisse do escritório — tu vai acabar fazendo ela ficar pior com essa história de ir embora com o Nicolay.
— Eu não vou falar sobre isso, agora me deixe ir, por favor.
Tonha estava transformada num farrapo humano, aparelhos tomavam o redor de sua cama, os olhos fundos não tinham luz, Leonardo e Layla entraram juntos, mas Tonha pediu que o filho saisse por alguns minutos, tinha de falar com Layla, tinha de falar em particular e assim que ele saiu:
— Layla, me promete que não vai tirar esse menino de mim.
— Mas não posso mais ficar com seu filho...
— Por favor, ao menos enquanto eu estiver viva.
— Mas Tonha, eu não...


— Por favor, não me decepcione minha filha...
Layla saiu do quarto com os olhos marejados em lágrimas e uma promessa para cumprir.
Alguns dias depois Tonha voltou para casa, os médicos haviam limitado a vida dela á alguns meses, ela porém não suspeitava de nada.
— Leonardo, eu te chamei aqui no escritório porque preciso falar algo para ti.
— O que Layla?
— Sei da situação da tua mãe, não vou tomar nenhuma atitude que possa prejudicar ainda mais a saúde dela, por isso estou indo para a fazenda, ficarei por lá e deixarei o menino com a babá aqui na casa até que o pior venha a acontecer, mas assim que eu souber que não vou mais ser o motivo da debilidade de tua mãe eu me separo de ti.
— Tu realmente não vai me perdoar?
— Não, eu não posso te perdoar Leonardo, tu me feriu muito. Eu te pedi que não me fizesse ter recordações de ti e tu insistiu, vivemos um casamento de aparências e sem sentimentos envolvidos até que tu resolveu tomar aquela atitude na fazenda. Eu te pedi, implorei que não o fizesse, mas tu me jurou fidelidade, agora estou aqui, traida, mas não vou estar humilhada, tenha certeza disso.
— Até onde vai a tua frieza?
— Até onde vai a tua hipocrisia!
Layla resolveu que a fazenda a manteria longe de Leonardo, e assim aconteceu até um belo sábado quando a noite já tomava conta de toda paisagem.


Sozinha na sala da fazenda, sem os empregados por perto, sem nada, nem ninguém, Layla pensava nas coisas que havia vivido nos últimos meses quando ouviu um carro parar em frente a casa e logo a porta se abriu:
— O que está fazendo aqui?

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