quinta-feira, 28 de abril de 2011

Mas é! Eu sou teu inferno, olha bem para meu rosto Álvaro, olha bem e lembra de quando estava lá no cemitério, morrendo...
_ Não, não pode ser!
_ É Álvaro, a morte é triste, não sou realmente aquela que tu matou, mas sou alguém com o mesmo sangue.
_ Quem é você?
_ Meu nome é Ana Daniken, grave meu nome...
Quando saiu daquela sala Zandra tinha uma certeza, havia vingado em parte a morte de Allanna.
Igor apareceu naquela noite, queria convidá-la para caminhar um pouco pela cidade e conversar, porém foi surpreendido pela visita que Zandra havia recebido:
_ Igor, este é minha irmã Antônia, Tonha.
_ Então tens uma irmã?
_ Sim, ela estava viajando e voltou agora, veio me procurar.
_ Vim te convidar para dar uma volta. Mas se tu não quiser...


_ Claro que sim, espere um pouco...
Quando estavam na pracinha sentaram-se num banco:
_ Vou amanhã procurar por Álvaro, creio que vou me sentir melhor se enfrentá-lo.
_ Não sei, não sou ninguém para te aconselhar , mas creio que não seja boa idéia.
_ Eu irei. Mas não foi por isso que vim aqui te procurar, quero te falar algo...
_ O que?
_ Estive pensando muito em ti, muito mais do que o normal.
_ Não fale assim, sou muito tímida...
_ Boba! Eu quero te perguntar uma coisa.
_ O que?
_ A gente está sozinho aqui, poderíamos ficar juntos.
_ Não sei...
_ Por que não?
_ Sabe, eu fico contigo com uma condição.
_ Qual?
_ Nada do que tu ouvir, verdade ou mentira...vai te fazer me despresar.
_ Nada poderia ser tão grave. Tu matou alguém?
_ Não...
_ Tu tens algum meio escuso de vida?
_ Não...
_ Então não te despreso!
Zandra deixou que ele a beijasse, sabia que nada seria para sempre.
No dia seguinte Igor foi ao presídio, lá encontrou Álvaro:


_ Parece que minha vida está tomada por fantasmas, ela primeiro, agora tu... mortos não me dão paz.
_ Ela quem?
_ Ana Daniken, esteve aqui, era igual a tal que matei, igual, tanto quanto tu és igual a ele.
_ Louco, vai apodrecer aqui!
Igor não podia compreender. Quem seria Ana Daniken? Certamente seria a mulher que ele deveria infernizar com sua vingança. Porém algo o deixava mais intrigado: o nome não lhe era estranho, parecia já ter ouvido em algum lugar, porém onde era algo que sua memória insistia em ocultar. Além de tudo havia Zandra, um rosto que o infernizava e ao mesmo tempo uma mulher que ele insistia em querer cada dia mais.
Enquanto Igor estava perdido com seus pensamentos na cidade de Santa Efigênia...
_ Minha amiga, eu não imaginei que o Igor fosse àquele presídio...
_ Não entendo o que tu pretendes com essa loucura toda.
_ Eles juraram vingança contra as mulheres da famíia Daniken, eu só quero mostrar para ele que isso é uma loucura.
_ Mas para que tu vai te envolver nisso?
_ Tu nunca vai entender Tayse, nunca...
_ Mas se ele descobrir que tu foi no presídio?
_ Não há como, quem foi lá foi Ana Daniken e não Zandra d’Ávila.
_ Nem Ana Saint Louis.
_ Nem Ana Saint Louis...
_ Tudo bem, é possível que tudo termine bem. Mas se ele for um maníaco como o irmão?


_ Bem, não acredito que ele vá levar isso tão a sério...
_ Cuidado...
Quando a noite chegou Igor veio procurar por Zandra, recebido na sala resolveu contar a história para a duas garotas:
_ Uma mulher foi até o presídio, disse que se chamava Ana Daniken, e era igual a Allanna.
_ Pode ser mentira do tal assassino...
_ Não Zandra, o maldito do Álvaro estava tão apavorado com o que havia visto que se via de longe que não mentia...
_ Pode ser delírio dele, sabe, ouvi falar que alguns criminosos enlouquecem. Tonha havia pensado rápido.
_ Não, perguntei ao carcereiro se havia aparecido alguém e ele confirmou, descreveu a mulher.
_ Pode ser alguma parente dela... Zandra via a situação se complicar.
_ Não sei... são mulheres demais com um só rosto. Zandra, tu não foi lá... foi?
_ Na verdade eu fui, não quis te dizer nada porque não achei correto.
_ Mas por que tu foi lá? Igor havia se exaltado por alguns instantes, vendo que o clima esquentava Tonha levantou-se e saiu da sala.
_ Precisava ver o assassino, pretendia entrevistar o tal, mas ele ficou a tal ponto apavorado que não me restou nada além de mentir.
_ Por que Ana Daniken?
_ Tu havia me falado o sobrenome delas, como Anne e Ana são a mesma coisa foi o primeiro nome que me veio em mente, já que ele estava apavorado resolvi me vingar um pouquinho pelas maldades dele.
_ Por um momento pensei que tu me escondia algo mais...


_ Imagine... eu não escondo nada além do que não querem ver.
_ Escuta uma coisa Zandra, eu gosto muito de ti, mas não vou suportar uma mentira destas. Se por acaso eu descobrir que tu és uma delas eu nem sei o que sou capaz de fazer contigo.
_ Esquece isso...
Durante a noite Zandra não pode dormir, sabia que logo Igor descubriria a verdade, na manhã seguinte Tayse a procurou:
_ O que afinal tu tens com essa tal Allanna?
_ Allanna era minha prima, na verdade Paulo iniciou a vingança contra a pessoa errada, ela era apenas descendente dos Daniken...
_ E tu?
_ Bem, a tal Anne Marie era filha de um filho do segundo casamento de meu trisavô.
_ Muito longe esse parentesco.
_ Seria, mas eu além de trineta do avô de Ane Marie sou também sobrinha da avó dela.
_ Como?
_ O senhor Louis Daniken casou-se, pela segunda vez, com uma mulher chamada Aleixa Dechamps, irmã de meu bisavô paterno, assim, sou descendente do primeiro casamento de Louis por parte materna e da segunda mulher dele por parte paterna.
_ Em resumo, tu és prima desta tal Anne mais de perto do que a tal Allanna.
_ E isso me torna mais alvo da raiva dos homens da família do Igor do que ela.
_ Isso é realmente incrível Aninha.
_ Não me chame de Aninha aqui, se alguém ouvir estamos descobertas.


_ Se não fosse tua amiga te deixava aqui sozinha, tenho medo do que possa acontecer contigo e com esse Igor.
_ Não tenha medo, sabemos nos defender... não é verdade amiga?
_ Se estás falando das confusões de nossa terrinha querida... era diferente, não nos ameaçavam de morte.
_ E nem aqui...
Os mistérios que cercavam as duas garotas estavam se espalhando pela cidade, algumas pessoas já havia percebido o quanto Zandra era parecida com Allanna e comentavam sobre uma possível vingança do além.
Todas as noites Igor ia até a casa de Zandra, passava algumas horas lá e depois voltava caminhando para sua casa, era uma rotina tranqüila.
Porém algumas semanas depois de ter ido ao presídio Igor resolveu remexer em seus livros, uma edição caiu sobre seus pés, tomando o livro nas mãos viu que tinha um titulo interessante, folhou um pouco, porém de repente algo o fez parar: o nome da autora.
Era um romance, havia comprado num aeroporto, o nome da autora não estava na capa como o de costume e sim na folha de rosto, somente quando já havia lido todo o livro viu: Ana Daniken. Agora com o mesmo livro nas mãos lembrou da mulher que esteve no presídio, folhou ou o livro mais um pouco e na contra capa viu o que procurava, a foto de Ana e sua biografia.
Ana Daniken era na verdade uma tal de Ana Saint Louis, um nome artístico figurava na folha de rosto e na foto...
A tarde era tranqüila, Zandra cuidava de algumas flores no pequeno jardim quando Igor chegou, parecia enfurecido:
_ Me explica o que significa isso? Jogando o livro no chão ele mal continha sua raiva.


_ É um livro Igor, nada mais.
_ Um livro de alguém que chamasse Ana Daniken ou Ana saint Louis ou seria ainda Zandra d’Ávila?
_Ana Saint Louis...
_ Para que essa farsa?
_ Não é uma farsa Igor, é uma defesa, tu estás louco com essa vingança, não poderia te falar que sou essa escritora aí.
_ E uma maldita Daniken?
_ Uma Daniken sim, uma Daniken e não maldita, malditos foram os homens responsáveis pelas mortes prematuras de minhas primas... estou cansada de te ouvir falar, falar e falar de teus parentes como vítimas, elas sim o foram!
_ Tu realmente é uma vadia como elas!
_ Saí daqui, esta casa não é tua, eu não tenho que te ouvir, e tem mais, nada do que tu me falar ou fizer vai me causar medo. Se Anne ou Allanna eram inoscentes a ponto de se deixar levar por vocês eu não sou. Vá embora!
_ O que tu pretendia aqui?
_ Nada, só acabar com essa vingança  tola, teu irmão se vingou na mulher errada Igor, eu sou a parente mais próxima de Anne.
_ Pro inferno!!!
_ Pro inferno? No inferno deve estar é teu irmão, um assassino...
_ Não pense que estará livre de mim...
_ Não me irrite ainda mais Igor, some daqui! Some antes que eu chame a polícia!
_ Maldita!


Ao vê-lo sair Ana largou-se no chão, sentou-se e cobriu o rosto com as mãos, um turbilhão movia seu coração naquele momento e as lágrimas logo brotaram.
_ Ana, ouvi gritos, o que aconteceu?
_ Ele descobriu a farsa... agora não temos mais porque mentir...
_ E o que tu vai fazer?
_ Por enquanto nada, vou esperar a poeira baixar e procurá-lo, quero que ele entenda que não era uma vingança idiota que eu pretendia.
_ E se ele não entender?
_ Daí será uma vingança, porém uma vingança muito maior do que a dele... te juro Tayse, se ele continuar levando tudo para esse lado eu vou perder a cabeça de verdade.
_ Mais do que tu já perdeu? Está na hora de acordar Aninha, tu está numa cidade estranha, cercada de gente estranha e com um nome falso... tens idéia do que estás fazendo?
_ Não...mas eu bem que gostaria de ter.
_ Não sei, mas acredito que é uma loucura sem conta o que estás fazendo Ana, mas tudo bem! Se tu queres continuar com isso eu só posso ficar aqui e esperar pelo que vier...tomora Deus que nada de mal venha a acontecer.
_ Não se preocupe amiga, se existe raiva nesta história é contra a minha família, tu não tens nada com essa loucura.
_ Mas não te esqueça que o Igor pensa que somos irmãs.
_É mesmo, tenho que arrumar esse estrago.
_ Não irás procurar aquele homem agora! Espere o tempo passar...ele concerta tudo.


Talvez o tempo realmente fosse capaz de concertar muitas coisas, porém nada concerta um coração partido ou traído, os dias passaram sem que nada acontecesse, passaram calmos, calados, mudos por completo.
Faziam três dias que Igor havia discutido com Ana, ela já não esperava que ele voltasse a procurá-la, naquela noite havia saído para caminhar, porém decidiu ir ao cemitério, entrou no malsoléu e ficou ali, sentada sobre o túmulo de Allanna observando a foto de Paulo. Era muito parecido com Igor, podia-se dizer que eram a mesma pessoa, ali naquele lugar, o cheiro das velas trazia um ar de morte. Ver o rosto de Igor estampado numa lápide fazia com que Ana estremecesse. Será que havia falado demais? Será que havia ofendido demais?
Num lapso de atenção ela viu uma sombra se aproximar do malsoléu.
_ Vim te entregar umas coisas das tuas parentas que estavam lá em casa...
_ Como me encontrou aqui?
_ Imaginei que esse lugar te atraísse, atraiu tua prima...
_ E teu irmão... não sei Igor, não sei até onde iremos com essa loucura, mas apesar de tudo eu não acredito que Paulo odiasse Allanna, talvez eles se amassem tanto quanto Anne e Pedro...
_ Como uma maldição que cortou os séculos, paixões que terminaram em morte, amores que nunca se concretizaram...
_ Foi o destino Igor, não foi culpa ou pecado de nenhum... mas esquece, o que há nessas encadernações?
_ Diários, o de Anne e o de Allanna, só não me pergunte o que há neles, nunca os li.
_ Nunca tivesse curiosidade?
_ Não... apenas te entrego eles porque são teus por direito.
_ Está bem...


_ Então adeus, espero que o que está aí não seja pior do que tenho aqui dentro. Igor tocou o peito, fitou por uns instantes o rosto de Ana e virou-se.
_ Igor, espere...
_ Não há mais nada para ser dito...
_ Olha pra mim, por favor, não sou nenhum monstro, me deixa explicar o que aconteceu.
Olhando novamente para Ana, Igor sorriu:
_ O que aconteceu Ana foi simples, eu me envolvi na minha obseção por vingança e tu na tua.
_ Não foi isso! Não de minha parte. Eu apenas quis mudar a história, quis mostrar que não era culpa nossa as mortes.
_ Mas não fez certo, a gente acabou se envolvendo...outra maldição. Não quero que tu te machuque, vamos nos afastar enquanto é tempo.
_ Tu me odeias? É isso, não é?
_ Talvez sim, talvez não, eu não sei o que sinto por ti Ana, Zandra ou sei lá qual teu nome...
_ Deixe que eu te conte a verdade então, depois faça o que quiser...
_ Está bem garota, fale... Igor sentou-se sobre o túmulo de Paulo de forma que fitava ela diretamente nos olhos.
_ Eu sou realmente Ana Saint Louis, uma escritora em início de carreira, tenho um livro lançado, exatamente aquele que tu me jogou nos pés aquele dia.
_ E o que mais tu és?
_ Eu sou simplesmente isso, usei o nome de Ana Daniken naquele livro porque queria algo diferente, algo para chamar a atenção do leitor, a verdade é que quando eu soube da morte da Allanna eu resolvi vir para cá...


_ E como tu soube?
_ Descobri que ela existia por uma árvore genealógica, então nas minhas pesquisas eu descobri essa lenda sobre nossas famílias.
_ Não é uma lenda!
_ O que eu sei é que isso me despertou o interesse em escrever um livro, um relato meio romance meio histórico sobre a eterna briga dos Daniken e dos Salles.
_ Em nenhum momento tu sentiu que isso poderia te levar ao extremo da loucura, quero dizer, que tu faz parte disso?
_ Não, quando eu vim para cá eu não sabia que tu existia. Só usei o nome de Zandra d’Ávila para que o povo não desconfiasse, mas eu não contava que a tal Allanna fosse tão parecida comigo.
_ Queria acreditar, mas isso tudo parece meio fantasioso garota. Por que tanto mistério? Por que não me falou teu nome quando nos conhecemos?
_ Porque tu estava cheio de ódio, de uma vingança tola...
_ Tola? Não, eu sei que tu não achas isso tolice... sabe por que? Porque tu também faz parte de tudo, estamos envolvidos nisso até nossos pescoços.
Ana levantou-se e saiu do malsoléu, por um momento havia sentido algo estranho naquele lugar, respirou um pouco na porta e tornou a voltar:
_ Desculpe-me Igor, mas não posso fazer mais nada. Continuarei aqui como Ana ou como Zandra, depende de ti. Ah, antes que me esqueça: Tonha não existe, o nome dela é Tayse.
_ Outra da tua raça?
_ Não, não somos sequer parentes, talvez seja melhor eu não ter uma irmã.
_ Seria muito azar mesmo...duas de vocês.


_ Igor, eu quero te pedir uma coisa, se tu queres realmente se vingar das Daniken, se tu não vai esquecer essa palhaçada, então por favor, eu te imploro: se vinga em mim, porque eu sou a única que tem o sangue da Anne de verdade, esquece qualquer outra pessoa de minha família, te vinga em mim.
_ O que tu pretende? Me causar pena? Não, eu realmente me vingaria em ti, mas não por me pedir, só por te... Desgraçada! Eu te quero ainda mais agora! Estranhamente Igor levantou-se e foi até ela, puxando-a para si a beijou.
_ Me solta! Livrando-se dele Ana caminhou por alguns metros e tornou a olhá-lo:
_ Para que isso Igor? Se não sentes mais do que ódio por mim! Por que me tocar?
_ Por que não te tocar? Ele aproximou-se.
_ Porque meu sangue te irrita! Porque sou uma mulher descendente da desgraça da tua família!
_ Porque eu quero essa mulher!
_ Vai embora daqui Igor! Vai enquanto ainda há tempo!
_ Por que Ana? Tens medo de mim por acaso?
_ Não!!!
_ Ou então teu medo é de ti mesma?
_ E o que há em mim para que eu tema?
_ Tu que deves saber... não eu.
_ Me deixa ir...
Igor a segurou pelo braço:
_ Não tente fugir de mim Ana, não tente porque agora tu já cruzou meu caminho e de hoje em diante vou te seguir por onde tu for.


_ Só podes ser louco. Me solta! Não tenho nada para falar contigo...
Outra vez ele a puxou e beijou-a, por mais que ela desejasse fugir era como se ele a dominasse, porém empurrando-o ela fugiu.
Voltando ao malsoléu ele sentou-se sobre o túmulo de Allanna e olhando para a foto do irmão começou um monólogo interior:
_ Se ela soubesse meu irmão, se ela soubesse que eu não a odeio e sim amo, amo mais do que tudo nessa vida, mas não posso dizer. Não posso ao menos ser feliz. Eu quero essa mulher, por amor ou por ódio...
Ao chegar em casa Ana encontrou Tayse já dormindo, sentou-se então na sala e começou a ler o diário de Anne Marie, porém uma página lhe chamou atenção em meio a tantas:
Quando conheci Pedro não acreditei que pudesse amar tanto alguém como o amo, mas infelizmente as coisas não estão acontecendo como deveriam.
Meus pais não querem que nos unamos, creio que farei algo para conseguir essa união.
Algumas páginas adiante:
Minha irmã descobriu onde nos encontramos. Minha vida transformou-se num terrível inferno deste dia em diante. Ela está apaixonada por ele, mas sei que não o ama.
Não sei mais o que fazer... não sei nem ao menos se devo continuar. Vou encontrá-lo novamente amanhã, depois sei que viajará por dois longos meses. Creio que morro de saudades.
Por algumas páginas Anne apenas lamuriou-se da distância, até que finalmente escrevia algo que ana não pode deixar de perceber:


Hoje ele chegará, Deus que me ajude! Sei que Katterinne não vai deixar-me em paz, ela está tão mudada, não parece mais minha irmã, vive me rondando, me seguindo. Deus! Como esse amor me fez perder as pessoas!
Sei que Katterinne sabe de tudo!
Estou esperando um filho dele! Vou contar tudo hoje!
Espero que tudo saia bem, mas receio que algo vá acontecer.
Deus! Como meu mundo virou um inferno! As vezes eu não sei se agi certo, porém eu o amo, amo demais. Tenho que ficar junto à ele, é a única forma...não poderão negar-me o casamento ao pai de meu filho. Que esta criança me perdoe, mas quando nascer será o fim do ódio entre duas famílias. Será o fim...
_ Então Anne estava grávida? A irmã não só matou ela como uma criança que ainda não havia nascido!
Por alguns instantes Ana ficou meditando: Pedro devia saber da gravidez, mas nunca falou à ninguém?
Pegou novamente um dos diários, desta vez o de Allanna, dentre muitas páginas somente as últimas falavam claramente no assunto:
Conheci Paulo, parece envolvido com a vingança contra as Daniken, ficou maluco quando descobriu que eu era uma delas.
Ele pretende derrubar os túmulos, mas eu não vou deixar, custe o que custar.
Mais adiante ela escrevia a última página de um diário incompleto:
Ele enlouqueceu mesmo, hoje disse que ia me matar e se matar depois, porém não o fez... me beijou e não quis mais me matar.
Mas confesso que fiquei com medo quando ele ameaçou nos atear fogo.
_ São loucos! Essa é a resposta! Como não percebi antes? Mas agora o que posso fazer então?


Ana passou boa parte da noite conversando com as paredes pretendia descobrir um meio de encerrar toda a história em poucos dias.
_ Ana, acorda logo e desce rápido aqui no jardim!!!
Os gritos de Tayse acordariam não somente Ana mas quem estivesse por perto.
Quase voando desceu as escadas e foi ao pequeno jardim em camisola:
_ O que foi Tayse?
_ Esse louco estava querendo invadir a casa, disse que iria falar contigo nem que arrombasse a porta.
Ao ouvir as explicações de Tayse Ana olhou para um canto do jardim e viu entre algumas árvores Igor, ele tinha um ar de superioridade estampado no rosto e ao vê-la sorriu:
_ Que maravilha! Veio bem rápido me atender!
_ Vá pro inferno! Se quer falar comigo espere que me troque. Oras, pensei que a casa pegava fogo e ao chegar aqui vejo um insignificante louco.
_ Louco sim, e tu ainda irás ver de quais loucuras sou capaz!
Igor jogou a ameaça sem mudar seu sorriso, ao ver Ana voltar para a casa ignorou a presença de Tayse e pôs-se a remexer um pé de azaléias:
_ Escuta aqui seu grosso, o que tu pensa que faz aqui? Tu não mandas em ninguém aqui não!
_ Escuta tu garotinha metida, meu negócio é com tua amiguinha, mas não tenta cruzar meu caminho que vai sobrar pra ti também.
_ Não me ameaça!
_ Usar nome falso é crime, tua amiga deveria ter te alertado sobre isso.
_ Assassinato também é crime e nem por isso teu irmão estava preso! Tayse levantou o tom de voz e falou como se fosse a dona da verdade.


_ Vadia... Igor levantou a mão para agredi-la, porém a segurou pelo braço e a empurrou contra uma das árvores:
_ Não tente me desafiar, eu te mato!
_ Mata quem Igor? Vai virar um assassino como teu irmão? Se vai, avisa, porque daí eu vou te mostrar que nós duas não somos tão tolas quanto parecemos.
_ Aninha, esse cara é louco! Tayse livrou-se dele e foi para perto da amiga.
_ Louco como os outros dois, sabe Tayse, Anne Marie não morreu só, esperava um filho do maldito Pedro e Allanna quase foi queimada pelo louco do Paulo. Quem me garante que não foi realmente Pedro o assassino de Anne?
_ Vim aqui falar contigo sobre os diários...
_ Eu li tudo, melhor que não tivesse lido, assim não estaria com a certeza que estou: família de assassinos.
_ Aninha, é melhor irmos embora daqui, esse louco pode querer nos matar!
_ Não Tayse, ele não vai nos matar, pode me matar sim, mas terá que morrer também. Ouviu Igor?
_ O que estás falando sua louca?
_ Para acabar com a maldita história temos que morrer juntos, ao mesmo tempo, por isso que teu irmão quis queimar Allanna e ele juntos, só a morte de dois de nós pode apagar tudo, ou caso contrário outros descendentes virão.
_ Ótimo! Maravilhoso! Então vamos para a minha casa, vamos atear fogo na casa e morrer juntos!
_ Pro inferno Igor! Pro inferno tuas idéias! Ana deixou Igor plantado seguida por Tayse.


Igor sabia da existência de uma velha cabana, seu irmão encontrara apenas ruínas, mas havia reconstruído em detalhes em meio a mata, era o lugar onde Pedro e Anne encontravam-se.
A velha cabana lhe fez pensar em algo muito mais assustador do que o simples incendiar uma casa como seu irmão havia pensado...
Naquela tarde Ana havia resolvido caminhar um pouco, não viu ou pode reagir, apenas sentiu um lenço úmido cobrir seu rosto...
Ao acordar não pode compreender exatamente o que estava acontecendo, sua cabeça pesava, ao conseguir erguer a cabeça viu que o lugar era iluminado por um lampião de gás, tonta mau conseguiu sentar-se, percebeu que estava sobre uma esteira, ao seu lado alguém sorria friamente:
_ Igor?
_ Cadê os gritos?
_ Me deixa sair daqui...
_ Não senhora! Agora eu comando a situação minha princesa...essa cabana era o lugar onde Pedro e Anne encontravam-se.
_ E eu com isso! Ana havia recobrado os sentidos e saltou da esteira.
_ Calminha... Igor apontou um revólver para ela.
_ Agora estás te revelando!
_ Estou! _ Igor a segurou _ A cabana está trancada com cadeado...as chaves estão escondidas, não há saida.
_ O que tu quer?
_ Volta para a esteira, senta e fique quieta!
Ana voltou para a esteira.
_ Muito bem _ Igor sentou-se ao seu lado _ agora vamos ter uma conversa.


_ Não temos o que conversar!




_ Eu te falei sobre a cabana, agora vou te dizer mais uma coisa, nós dois vamos morrer, como tu me sugeriu.
_ Não!!!
_ Vou atear fogo aqui e nós dois vamos morrer juntos, acabando com nossa descendência.
_ Por favor, pare!
_ Por favor? Onde está a garota que não tinha medo de nada?
_ Não quero morrer!
_ Mas eu quero, sabe por que?
_ Não...

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