quinta-feira, 28 de abril de 2011

Eu não posso te amar ou te possuir, a maldita vingança me impede e isso significa que nunca serei feliz, prefiro a morte e não vou te deixar para que outro te ame!
_ Igor...
_ Nada do que disser vai me impedir.
_ Eu não te odeio e não me importo de ser tua...
Ao ouvi-la ele a beijou, não havia um real motivo para odiá-la.... não havia outra forma de fugir, Ana se entregou à ele, mortos ou vivos eram destinados à um só caminho.
_ Por que se entregou desta forma?
_ Igor, tu ias me matar, mas eu não te odeio.
_ Está bem, queres me deixar louco mesmo... vamos, te levo para casa...


Realmente ele a levou. Assim que o dia amanheceu Ana acordou Tayse as pressas:
_ Temos que ir embora daqui o mais rápido possível.
_ Por que isso agora Aninha?
_ Temos que ir, eu pretendia ficar dois meses nesse lugar, mas ontem cheguei a conclusão de que devemos sair e hoje mesmo, já liguei pedindo um táxi.
_ O que aconteceu ontem a noite?
_ Nada! Esqueça tudo o que aconteceu nesta cidade, temos que ir, só isso.
_ E o Igor?
_ Igor não vai nos impedir.
A loucura de Ana para sair de Santa Efigênia assustou um pouco Tayse, porém não o suficiente para que a impedisse de ir.
Desde aquele dia seis longos anos se passaram, seis anos em que Ana jamais pensou em voltar à Santa Efigênia, porém era preciso voltar e concertar tudo o que havia ficado para trás, concertar os erros, desta vez havia convencido Tayse a voltar, porém não chegou com um falso nome ou com uma falsa intenção, queria terminar o que havia deixado pelo meio.
_ Voltar aqui depois destes anos me trás tantas recordações...
_ Nunca entendi o que te fez partir daquela forma...
_ Aquela tarde e aquela noite Tayse...
_ Então realmente aconteceu algo?
_ Aconteceu, Igor me raptou, disposto a me matar, fomos para uma cabana e lá... bem, o que importa é que ele não me matou, porém eu preferi fugir.
_ Muito estranho tu fugir, justo tu...
_ As vezes a gente age com a cabeça e esquece que o coração pode pagar.
_ Não foi só isso que te fez fugir...


_ Não, naquele tempo eu estava apaixonada por ele Tayse, demais para pensar, por isso fugi, para não cometer nenhuma besteira.
_ E hoje, se tu encontrasse ele, o que farias?
_ Nada, o tempo cura até mesmo um mal de amor, eu o esqueci, esqueci de tudo...
_ Então por que estamos aqui?
_ Para terminar meu livro...
Mal sabiam as duas que naquela cidade o destino reservava todas as surpresas do mundo para ambas...
Dias depois de chegarem na cidade outro forasteiro apareceu, um homem jovem, um destes galegos esbeltos que se encontram em quase todo canto do mundo, logo que chegou aproximou-se de Tayse e não demorou para que começacem a manter uma relação além da amizade.
Mais de um mês havia se passado, Ana estava com o livro concluído, Tayse estranhamente adoeceu, teve de ir à cidade grande fazer alguns exames...
Justamente naquela época o galego sumiu, seu nome era Marcos, sumiu como chegou na cidade, do dia para a noite.
Alguns dias depois do sumisso Ana resolveu descobrir a misteriosa doença de Tayse:
_ O que há contigo Tayse?
_ Nada...
_ Me responde com toda sinceridade, estás grávida?
_ Estou... mas o que posso fazer? Marcos simplesmente sumiu...
_ Marcos era um estranho, mas alguém deve saber o que fazia aqui, vou descobrir.


Não levou muito tempo para que Ana descobrisse que Marcos era um dos melhores amigos de Igor, havia estado na cidade já outras vezes com Igor.
Como Marcos sumiu Igor voltou, uma bela manhã encontrou Ana no mausoléu, sentada sobre o túmulo de Allanna:
_ Voltou para ficar Ana?
_ Não, voltei somente para terminar o que havia começado...
_ Tem certeza?
_ Refiro-me ao livro.
_ E o que mais tu começou?
_ Nada, nada que não tenha terminado.
_ Eu soube que tua amiga também voltou...
_ Voltou, deves mesmo saber, o cretino do teu amigo a deixou...
_ É, ele me falou, me contou que a deixou grávida.
_ Que lindo né? Tu é um vagabundo, e teu amigo mais ainda.
_ Quem mandou tua amiga se entregar assim para um estranho? É um costume perigoso, sabia?
_ Não me diga! É um costume de vocês engravidar as mulheres e as deixar também?
_ Não... só aquelas que são fáceis demais.
_ Pois eu vou te contar uma coisa, não é sempre que se vai para cama com um homem que se entrega à ele...
_ Ah, não?
_ Não, quando se faz isso para se livrar dele se faz com nojo e não com desejo.
_ O que há? Estás querendo me dizer que tu não queria?
_ Por acaso eu nem me recordava disso, não me recordo de coisas asquerosas.


_ Tu não sabes mentir Ana... voltou aqui para me encontrar novamente, não te preocupa, eu não te esqueci ainda.
_ Mas eu te esqueci...
_ E da vingança?
_ Já terminou, tu me fez fugir daqui por estar enlouquecendo, foi o suficiente. Mas eu voltei Igor, e não pretendo deixar isso pela metade desta vez.
_ Nem eu...
_ Diga ao teu amigo, que a minha amiga não precisa dele para ter esse filho, principalmente porque eu não a deixaria cair nas mãos de um homem que tenha o mesmo caráter que tu.
_ Mas esse mal caráter aqui já foi teu homem.
_ Passado, só isso.
Igor e Ana não tornaram a conversar, passavam um pelo outro como perfeitos estranhos. Os meses passaram, Ana voltou à sua cidade, Tayse ficou sozinha, quando estava quase na época do bebê nascer Ana voltou para ficar com a amiga...
_ Não sei Aninha, mas sinto algo estranho...
_ Bobagem!
_ Marcos voltou a me procurar, vai registrar o bebê, não brigamos, entramos num acordo.
_ Isso é muito bom amiga.
_ Quero que me jures algo...
_ O que?
_ Se algo acontecer comigo tu ficarás com meu filho e o criarás como se fosse teu.
_ Mas nada vai acontecer...


_ Jura?
_ Juro...
Alguns dias depois nasceu uma bela menina que recebeu o nome da mãe.
Tayse não aceitou a criança, chamou por Marcos e Ana e pediu:
_ Por favor, quero que minha filha fique com Ana, se algum dia tu quis bem essa criança deixe-a com ela Marcos.
_ Não fale mais Tayse só podes estar louca... Marcos não entendia.
_ Ana, eu sei que vou parecer má, mas não é isso, me ajude...
_ Está bem, a menina ficará com ela Tayse... Marcos havia ficado horrorizado.
A menina ficou em poder de Ana, esta mudou-se definitivamente para Santa Efigênia e não mais voltou para sua cidade, o que ganhava com seus livros poderia mantê-la e a menina.
A criança ficou registrada em nome de Tayse e Marcos como ele havia prometido, porém ele logo sumiu.
_ Ana, não entendo porque tu ficou com essa criança, não é tua responsabilidade.
_ Eu sei dona Marta, mas Tayse era minha amiga, não posso deixar de cumprir com minhas promessas, além do mais Marcos não seria um bom responsável, é o pai, mas não substituiria uma mãe.
_ E quando tiveres teus filhos?
_ Preciso encontrar um pai para eles, Tayse será minha filha, e quem me quiser terá de saber disso.
A atitude de Ana havia afastado as provocações de Igor, vendo a garota se responsabilizar por uma criança e largar tudo por ela o deixou pensativo, porém um dia voltou a procurá-la:


_ Vim te dizer que esqueci por completo a história de nossas famílias, é só um sobrenome, nada mais.
_ Fico feliz com isso Igor, principalmente porque não estou disposta a continuar com os nossos jogos.
_ Eu sei, tens a menina agora...
_ É, Tayse é uma responsabilidade a mais, preciso deixar de lado as aventuras.
_ Sabe, quando o Marcos me falou da criança eu cheguei a sentir inveja, ela não imagina o quanto eu queria ter uma família, e ele tem e deixa...
_ Marcos é uma criança grande como era a minha amiga.
_ Mas dessas crianças grandes agora existe uma criança de verdade... não dá para ser irresponsável como o Marcos.
_ Talvez os dois tenham lá suas razões...
_ E tu larga tua vida por isso?
_ Não sei nem ao menos o que faço... eu sou assim mesmo.
_ E se um dia tu casares?
_ Terá de ser com um homem que aceite Tayse.
_ E ela nunca vai saber de quem realmente é filha?
_ Não, prefiro que nunca saiba.
_ Ana, eu te fiz muito mal, mas quero te ajudar, ao menos reparar parte do que fiz, a menina está registrada como filha de Tayse e de Marcos?
_ Está...
_ Isso dá à eles o direito de tomá-la de ti quando quiserem, se tu a registrares como tua...
_ Aí ela não terá um pai...
_ Eu assumo esse papel, assim a menina será nossa filha.


_ Não! Isso não!
_ Por que não?
_ Porque não, ela não é nossa filha, nossa filha...
Num repente Ana começou a chorar.
_ O que aconteceu contigo?
_ Igor, eu tenho que te contar uma coisa que jamais ninguém soube e que talvez seja o motivo pelo qual eu estou com a menina e porque voltei.
_ O que aconteceu?
_ Depois que fui embora, eu fui para te esquecer, mas quando cheguei em minha cidade, algum tempo depois, descobri que esperava um filho teu.
_ Um filho? E o que aconteceu com esse filho?
_ Eu não contei à ninguém, tive medo, um dia comecei a passar mal, perdi o bebê... nunca contei á ninguém.
_ Mas por que te culpas então?
_ Eu talvez deveria ter falado, ter procurado um médico e nada teria acontecido.
_ Não pense desta forma, o que aconteceu deve ter sido um erro da natureza, um erro que nos custou um filho.
_ Por isso fiquei com a Tayse, para tentar esquecer meu filho.
_ Nosso filho... mas não te culpa, não te condena por algo que não foi tua culpa.
_ Igor, eu fiquei pensando no que seria deste filho, se ele existisse... o que tu faria?
_ Ana, se tu perdeu nosso bebê não foi por culpa nossa, mas eu certamente o iria querer, Marcos abandonou Tayse porque os dois só haviam tido uma relação passageira, mas eu te amava, agora posso te falar, mesmo que não tenhamos mais chance.


Igor e Ana começaram a manter uma amizade sincera desde aquele dia, porém quando Tayse, Tatá como a chamavam, tinha seis meses a mãe voltou:
_ Me arrependi de ter deixado ela Ana...
_ E agora vais me tomar a menina?
_ Vou...
Avisado por um empregado da chegada de Tayse Igor havia ido até a casa de Ana, encontrou-a desolada:
_ Tayse levou a menina para a pousada.
_ Mas como pode ter feito isso?
_ Com o direito dela...
_ Vou chamar Marcos, ele tem que opinar.
Igor chamou seu amigo, contou-lhe em detalhes o que havia acontecido e os motivos pelos quais Ana queria tanto a menina, Marcos procurou então por Tayse e lhe chamou atenção...
Na mesma noite Marcos e Igor estavam na casa de Ana quando Tayse adentrou furiosa:
_ A minha filha tu não vais tirar Ana. Nem tudo pode ser teu quando tu queres!
_ O que tu estás dizendo Tayse?
_ Isso mesmo Ana, ela é minha filha e não tua!
_ Tayse, cale-se! Marcos havia tomado partido.
_ Não, Ana, se tu perdeu teu filho o azar é teu, essa menina é minha... o filho que tu perdeu era desse vagabundo aí.
_ Tayse, Ana cuidou da tua filha porque tu não a queria, me admira que agora venhas aqui e queiras lhe dar  lição. Igor não queria que magoassem Ana.


_ Vou levar a menina, ela não vai ficar com vocês! Ana, queres um filho? Arrume outro com o Igor, afinal os dois não são santos. Tu me criticou por estar com Marcos, mas também havias estado grávida do Igor, tu não presta ou presta menos do que eu. Será que não abortasse?
Ana perdeu o controle e acertou um tapa no rosto de Tayse:
_ Nunca diga isso Tayse! Eu nunca faria isso, não sou como um animal que mata ou abandona a cria, ou melhor, tu és pior do que um animal, porque os bichos não tem consciência dos atos e mesmo assim amam seus filhos. Tu não presta! É uma cobra, uma cobra que eu devo ter ajudado a se envenenar! Pois saiba que se depender de mim tu não ficas com a Tatá, Marcos que fique, eu sei que a lei não me dará a guarda, mas tu não a terás também. Quem me garante que não queres vendâ-la?
_ Deixa de ser fingida!
_ Fingida eu? Não Tayse, fingida és tu, mas vai, leva a menina, eu não vou te impedir, mas também nunca mais me procure, e quando ela crescer conte para ela que tu a abandonou e só veio buscá-la para se fazer de vítima.
Quando Tayse saiu seguida por Marcos que ainda insistia em ficar com a menina Ana desandou a chorar:
_ Não chora, a menina não era tua, tu fez tudo o que pode, agora deixe que Tayse cuide dela.
_ Não Igor, eu sei que ela quer a menina para dar para alguém.
_ Que seja! Infelizmente não somos nós os responsáveis legais, mas saiba que eu acredito em ti, nada do que ela disse sobre nosso filho me atingiu.
_ Obrigada igor! É bom saber que apesar de tudo o que já aconteceu de ruim em nossas vidas, pelo menos uma coisa de bom eu vou poder levar comigo: o fim da vingança.


_ Realmente já não me interessa essa vingança tola, mas por que tu disse levar contigo?
_ Vou embora amanhã mesmo...
_ Mas por que?
_ Eu vim para cá resolver as coisas pendentes, queria continuar meu livro, terminei-o, queria te falar a verdade sobre a minha partida, falei, depois eu quis ficar aqui por causa da Tatá, não podia chegar em minha cidade com uma criança, todos saberiam que não era minha e não podia dizer que era de Tayse, ela não havia falado nada para a família.
_ Mas agora que a menina voltou para a verdadeira mãe não é preciso que te vás...
_ Creio que sim Igor, já não há mais nada para fazer aqui, perdi a menina, meu livro já está pronto a tempo e editado, meu filho não se gerou, a nossa história de família já está resolvida, enfim, se havia uma missão para mim aqui em Santa Efigênia esta missão acabou.
_ E eu? Como fico nessa história? Não sou o livro, não sou responsável pela menina e meu filho também não se gerou, porém eu existo, sem querer mais te matar, sem recordar de todo ódio que nos uniu.
_ Igor! De ti eu só levarei uma recordação: o pai de meu filho, ele pode não ter nascido, mas existiu para mim e eu o teria criado com amor infinito.
_ Não quero ser o pai de um filho que não nasceu, quero mais, não é justo que cada um vá para seu canto depois de tudo o que houve.
_ E o que tu queres que eu faça Igor? Não posso continuar aqui em Santa Efigênia, não tenho nada que me prenda aqui, nada. Na verdade eu acho que não deveria ter voltado, ou melhor, não deveria ter vindo para cá, teria poupado tanto sofrimento, teria me ferido muito menos, não teria que chorar como chorei tantas vezes pelos cantos.


_ Se tu não tivesse vindo para cá nada teria sido como foi, quando vim procurar a história de meu irmão eu não queria te encontrar, não, mas te encontrei.
_ E me odiou a primeira vista!
_ Não, te amei desde o primeiro instante que te vi, amei a Zandra d’Ávila que nunca existiu, mas tu não sabes a importância disso para mim Ana, quando descobri quem era a tal de Ana Daniken tudo desmoronou para mim, eu havia jurado me vingar de uma mulher e agora ela era a mulher que eu amava.
_ E eu havia vindo para cá narrar a história de um passado distante, de um assassinato recente e de toda uma estirpe de mulheres que me deram origem, tinha certo em meu coração que os homens da família Salles eram os culpados pela eterna desgraça das Daniken, mas tinha ainda o desejo de terminar com esse ódio provando que tudo pertencia ao passado, mas ao chegar aqui, com um nome falso, uma história falsa eu me deparo com um homem que me seduz aos poucos, porém esse homem é um Salles e eu uma Daniken.
_ Passado, tu mesma disse.
_ Passado, Anne morreu, Allanna morreu e eu escapei da morte me entregando ao meu quase assassino, fujo e descubro que levei comigo um filho dele.
_ Só que ele não ia te matar, apenas te queria e havia jurado que ia te possuir, por amor ou ódio.
_ Não vem ao caso, agora acabou.
_ Não, Ana, eu quero continuar, não quero que seja o fim, fica.
_ Para que? Para lembrar sempre de tudo?
_ Eu não quero esquecer, fique, por favor, vamos recomeçar.
_ Já recomeçamos Igor, já não somos inimigos, construímos uma amizade.
_ Mas não quero ser teu amigo! Entenda! Não quero tua amizade depois de ter sido mais que isso!


_ Por favor...
_ Não! Não! Desta vez tu não irás fugir! Igor a puxou para perto de si e a beijou.
_ Igor, não devemos mais continuar com isso, estamos fadados ao nada.
_ Não! Estamos começando um tudo, uma nova história.
_ Para que nos enganarmos assim?
_ Te amo, ouve o que te digo, eu te amo.
Ana estava chorando novamente, seu coração estava sufocado, queria fugir mas não podia, algo a prendia naquele lugar.
_ Não chore, por favor! Não quero mais tuas lágrimas.
_ Não estou chorando por estar magoada contigo, estou chorando por te amar também, mas tenho medo de errar outra vez.
_ Fica...
_ Não, infelizmente não posso.
_ Esta noite ao menos me deixe ficar aqui...
_ Está bem, não posso negar nada, nada...
_ Deixe eu te amar, não como a vez em que te magoei tanto, mas como realmente eu desejava.
_ Igor... não me deixe mais triste...
_ Te quero, te amo, não me negue isso.
Ana sabia que ele era sincero, outra vez entregou-se, porém dois dias depois partiu de Santa Efigênia.
O amor não parecia conseguir florir entre aqueles dois, porém o tempo pode curar tudo e fortalecer, ou enfraquecer, qualquer sentimento.


Haviam alguns meses que Ana havia ido embora, Igor continuava em Santa Efigênia, porém cansado de tudo adoeceu gravemente, sem parentes para avisar alguns vizinhos resolveram chamar por Ana.
No hospital Igor não parecia mais o mesmo homem, era um farrapo, numa cama do isolamento vegetava, os médicos informaram à Ana que ele estava assim a dias, não falava, não comia, ficava com os olhos fixos no teto do quarto sem ao menos voltá-los para ver quem chegava ou saia do quarto.
Ana recebeu permissão para ficar a sós com ele, ao entrar no quarto sentiu seu coração apertado, sentou-se na cama e segurou-lhe a mão:
_ Igor, o que está acontecendo contigo?
Não houve resposta, os olhos dele nem ao menos voltaram-se.
_ Por favor, não faça assim comigo, vim até aqui para te ver, para te contar algo sobre nós... algo tão maravilhoso para mim, mas que não vai ser tão completo se tu não me deres atenção. Igor, me ouve, olha para mim...
O silêncio estava desesperando Ana:
_ Será que eu não significo mais nada para ti? Será que nada do que aconteceu entre nós te faz ao menos olhar para mim? Igor... vou embora, vou para a minha casa, voltarei amanhã, se não tiveres melhorado eu partirei e desta vez para sempre e tu nunca irás saber o que tenho para te contar sobre nós.
O dia passou sem nada de novo, na manhã seguinte Ana foi chamada ao hospital. Igor estava falando e não parecia o mesmo, ao entrar no quarto Ana encontrou-o pronto para ir embora:
_ Vejo que tua doença curou-se rápido.
_ Talvez o remédio certo tenha vindo para mim...
_ Estás indo para casa?


_ O médico disse que não preciso ficar aqui, eu estou bem...
_ Então até qualquer hora, apenas vim te ver.
_ Vem comigo para a minha casa?
_ Para que? Estás bem agora, posso ficar na minha casa e me preparar para voltar para minha cidade.
_ Não foi o que tu disse ontem...
_ E o que eu disse?
_ Vamos lá para casa, quero ouvir tudo o que tu tinhas para me dizer.
Na casa de Igor Ana foi logo recebida com perguntas:
_ Qual a novidade que tens para me contar?
_ Não imaginas o que tenho para te falar?
_ Não, de ti eu espero qualquer coisa, um novo nome, um adeus, ou até mesmo um eu te amo mentiroso...
_ Nada mais?
_ E o que mais posso esperar ouvir de ti? Posso te amar, te querer mais do que tudo, mas continuas sendo um mistério para mim, eu só sei que és a mulher que eu mais quis neste mundo.
_ Eu quase ia me esquecendo, encontrei a Tatá, está com a avó, a Tayse realmente não quis a menina... e depois eu é que não prestava.
_ Um dia tu vai ter teus filhos, então poderás ficar com eles e dar à eles todo amor que tu ias dar à essa garotinha.
_ Um dia... sabe Igor, a primeira vez que eu fugi daqui fiquei desesperada quando soube que estava grávida, não sabia o que fazer, afinal era um filho sem pai e mesmo assim eu o quis, agora porém eu quero muito ser mãe, mais do que quis da primeira vez...
_ O que tu disse?


_ Desta vez não vim te dizer outro nome, não vim escrever nenhum livro ou mentir, muito menos fugir de ti e te deixar um adeus... vim te dizer que outra vez fugi daqui com um filho teu, três meses e está tudo bem, desta vez eu procurei um médico...
_ Tu está grávida? Um filho meu?
_ Acho que sim, se não for teu... deve ser de algum fantasma.
Igor a segurou pela cintura, louco ajoelhou-se e erguendo a blusa dela pôs-se a beijar sua barriga.
_ Igor! Não é para tanto, só vim te dar a notícia!
_ Veio e não vai mais... desta vez tu vai ficar nem que eu tenha que te amarrar.             
-Está bem Igor... está bem.
Algum tempo depois nasceu Otávio Daniken Salles, a união das duas famílias por um amor que havia começado no ódio.
A verdade é que no mundo nada é estático, o que hoje parece amanhã pode ser e o que hoje é amanhã pode só parecer. Ana e Igor viveram felizes na medida do normal em Santa Efigênia, nasceram outros filhos desta união, porém nunca deixaram de contar aos seus descendentes a história que os uniu.
Tatá cresceu, assim como Otávio, o que foi impedido por Tayse em sua ganância o destino uniu em forma de um neto... queira ou não queira o que há de ser é!

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