segunda-feira, 25 de abril de 2011


Quando o inverno chegou encontrou um homem magro, olhos sem brilho.
No mês de julho sua aparência não lembrava nem de longe a do homem forte que no início daquele mesmo ano havia voltado para aquela cidadezinha em busca da recuperação da velha fazenda.
Na mesma época Frank foi às pressas à capital, precisava encontrar alguém na rodoviária. Já no carro no caminho da cidadezinha:


_ E então, o que te fez voltar?
_ Uma promessa, talvez não a possa cumprir tão fácil como pensei.
_ Que promessa é essa?
_ São duas promessas meu primo, a primeira é de viver perto de ti e ser parte de tua família, te devo isso e vou cumprir, a segunda eu fiz ao teu amigo João Pedro, e essa sim vai ser extremamente difícil.
_ O que tu prometeu a ele?
_ Que voltaria exatamente neste mês e que se ele ainda sentisse por mim o que me jurou sentir eu ficaria aqui para sempre.
_ Eu creio que tu deves te preparar para ver o João, ele não é mais o mesmo...
_ Eu disse que precisaria de fidelidade, ele tem alguém?
_ O contrário, ele isolou-se, está completamente acabado, preso naquela fazenda há meses, magro, deprimido.
_ O que houve?
_ Talvez a tua promessa... Não sei.
_ Não posso acreditar que ele tenha chego a este ponto!
_ Quando tu o veres não irás ver o homem que tu deixou aqui, mas um farrapo.... Prima se era um teste de fidelidade e amor que tu querias... bem, tu conseguiu.
_ Estou com medo...
_ Medo de que?
_ De ter feito alguma besteira, de ter ferido e acabar ferida.
_ Não sei Liz, mas espero que tua volta possa trazer o velho João Pedro novamente.


_ Me leve até a fazenda...
_ Te levo até a minha casa, deixe tuas coisas lá e depois te levo até a casa do João.
Mais tarde Frank deixou Lizzie no portão da fazenda, de lá ela seguiu até a casa, chamou por duas vezes e não houve resposta, então, vendo a porta aberta entrou e o que encontrou a fez gelar:
Sentado no sofá da sala João dormia profundamente, estava com a barba de três dias, cabelos revirados, pálido e magro, aquilo tudo fez com que Lizzie pensasse no que havia causado, aproximou-se dele e beijou sua testa, foi o suficiente para que acordasse:
_ João... Eu voltei...
_ Lizzie? O que? Eu estou delirando novamente!!!
_ Eu te prometi voltar e estou aqui, mas o que houve contigo?
_ Lizzie, eu te esperei a cada dia, a cada hora, minuto, não arredei meus pés deste lugar, mas tu não veio não veio...
_ Eu vim, estou aqui João, mas tu não podes continuar assim, estás magro, pálido... Eu me apaixonei por um moreno de corpo forte, olhos verdes e brilhantes, um cowboy muito forte, mas o que encontro agora é uma sombra dele. Eu quero meu homem de volta!
_ Teu homem?
_ Se tu ainda quiser...
_ Tudo o que eu quero é te ter, minha, para sempre.
_ Eu serei, mas antes, por favor, te recupera, volto aqui daqui a uma semana e quero te encontrar como antes.
_ E aonde tu vai nesta semana?


_ Vou ficar na fazenda de Bruno, prometi que iria ajudar a Karyn num certo trabalho com crianças carentes das fazendas aqui de perto.
Numa semana João recuperou-se e passou a ser novamente o cowboy que Lizzie tanto queria.
_ Finalmente parece que as coisas vão tomar o rumo que devem. Tu pretendes casar com o João?
_ Dorothy! Eu nem sei o que vou fazer da minha vida! Imagina isso!
_ Liz, eu te conheço o suficiente para saber que tu amas esse homem.
_ É Dorothy, eu o amo muito, mas casar nunca esteve nos meus planos.
_ Nem nos meus e nem por isso deixei de me casar.
_É, tens razão... Quem sabe um dia?
_ Não sei, ontem o Bruno esteve na fazenda conversando com o João e ele disse que nestas duas semanas depois que tu voltou ele andou pensando muito no que ia fazer e decidiu que vai se amarrar pra valer.
_ Mas ele não me disse nada!
_ Tu estás por fora então, ele disse que em menos de um mês pretende estar contigo lá na casa dele em definitivo.
_ João é um louco, mas tenho que admitir que algumas vezes ele me surpreende tanto que até gosto.
_ E o que vai fazer?
_ Tenho de ir até a fazenda agora, mas vou esperar que ele fale alguma coisa.
Lizzie foi recebida no escritório:
_ Eu queria te dizer uma coisa Lizzie...


_ Primeiro, me chame de Liz, só os estranhos me chamam assim: Lizzie.
_ E eu não sou um estranho?
_ Se tu quiser ser... Caso contrário...
_ Liz, eu te amo! Queria que tu ficasse aqui na fazenda comigo, definitivamente.
_Como assim?
_ Eu quero que tu fiques morando aqui.
_ Morando aqui João?
_ É... Não precisa ficar aqui como minha mulher assim de cara, mas podes ficar aqui em casa.
_ João! Eu não posso aceitar isso!
_ Não confias mais em mim...
_ Não é isso, mas sei bem como te comportas e essa história de não ser como tua mulher não me convence.
_ Então vai ser como minha mulher, não vou mentir... Case comigo!
_ Casar?
_ Amanhã, hoje, agora se tu aceitar...
_ João, eu nem sei o que te responder casamento sempre esteve fora dos meus planos.
_ Então mude teus planos, case comigo...
_ Está bem... Eu aceito... Mas com uma condição.
_ Qual?
_ Tu nunca mais vai ficar no estado que te encontrei quando cheguei aqui e nem vai implicar com minha manias...


_ Eu te prometo tudo o que tu quiseres...
_ E o que queres em troca?
_ Te quero só pra mim,, minha mulher, a mãe dos meus filhos, somente minha e de mais ninguém, para sempre, neste mundo e nos outros que houverem.
_ Só se tu fores meu homem, pai de meus filhos e nunca, nem na morte me deixar...
_ Liz... Eu te amo como nunca pensei que fosse amar alguém. Ele a tomou nos braços e a beijou.
_ João, nunca me deixe...
_ Deixa que eu te possua, deixe que eu te ame por inteiro...
_ Está bem... Eu sou tua.
Naquele dia amaram-se como há muito tempo desejavam.
O tempo correu rápido e logo Lizzie casou-se com João Pedro. Seria um perfeito final feliz.
A cerimônia de casamento era encerrada com uma recepção, festa... Mas nada pode ser tão perfeito, nada dura para sempre.
Um rosto estranho invadiu o salão, arma em punho, ódio no rosto, um estouro, dois... sangue pelo chão e o fim de uma história de amor, o fim de uma história que nem ao menos teve o direito de começar de verdade. Estirados no chão os corpos dos noivos, abraçados, mortos.
O assassino era um estranho naquele momento, mas preso dias depois revelou a identidade que ninguém podia esperar, era o filho daquele homem que um dia Edward havia matado e que naquele exato momento havia voltado para completar uma vingança mastigada, esfriada, durante anos e anos....


Finalmente a história tinha seu fim, mortos os amantes, tristes os amigos e nada mais restava.
Nada além de uma lenda, a lenda que dizia que todos que morassem naquela casa acabariam mortos, Lizzie, o filho de Dorothy... A casa trazia em si a essência da morte.
Mas outra lenda mais bela surgiria daquele romance, do amor incompleto: a lenda de duas almas que perambulam entre os limites de uma cidade sempre juntas e unidas por um amor eterno, a lenda da jura feita pelos dois amantes de amar-se neste e nos outros mundos.
O amor tem seus mistérios e felizes somos nós que podemos desvendá-los.

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