segunda-feira, 25 de abril de 2011

_ Mas não parou por aí, tempos depois veio para cá uma estranha família, um casal e uma senhora idosa, então começaram a acontecer coisas estranhas, crianças sumiam... Treze crianças. Um dia desconfiaram deles e entraram na casa... Foram mortos pela sede de vingança do povo ao encontrar os cadáveres das crianças no porão. Dezesseis com sete, foram vinte e três mortes. Então a casa ficou trancada por muitos anos, muitos mesmo, até que veio para esta cidade um rapaz, jovem e misterioso, o que se sabe dele é muito pouco, mas um dia foi encontrado morto ao lado de uma garota da cidade, contam que os dois preferiram morrer a deixar um do outro, pois os pais dela não queriam o namoro.
_ Vinte e cinco mortos em uma única casa. Isso é terrível! Lizzie estava começando a se arrepender de ter perguntado sobre a lenda.
_ Então vieram às últimas mortes, como a casa não estava mais sendo ocupada acabaram por montar aqui um meretrício, eram onze mulheres. Cidade pequena, a coisa logo ficou popular e os homens da cidade começaram a freqüentar o lugar, uma estranha doença se alastrou, as onze prostitutas e oito homens acabaram morrendo. Enfim, foram quarenta e quatro pessoas mortas nesta casa.
_ Que horror!!! Dorothy estava arrepiada com a história.
_ Mas todas as mortes têm uma explicação científica, além do que, eu não entendi porque todas as mortes foram originadas por forasteiros. O que será que significa isso?
_ Nada Lizzie, isso são lendas, as pessoas morreram como tu mesma disse com uma explicação científica, não quer dizer que haja uma maldição. Frank tentou acalmar a prima.
_ Eu sei...


Assim como a lenda da casa das mortes haviam outras que Lizzie e a amiga saberiam ao longo do tempo em que estivessem por ali.
Dois dias depois chegaram à cidade os amigos de Frank, no mesmo dia reuniram-se na casa onde as garotas estavam hospedadas. Feitas as apresentações necessárias...
_ Então tu és a prima do Frank? São bastante diferentes. Karyn parecia não estar convencida do parentesco.
_ Às vezes as diferenças fazem as semelhanças... Eu procurei pelo Frank por muito tempo e tinha certeza que o reconheceria logo que encontrasse. Lizzie sabia qual era a diferença que Karyn havia notado.
_ Realmente a gente não é fisicamente parecido, mas somos primos sem nenhuma sombra de dúvida... Frank encerrou a conversa.
_ Então Dorothy cuidará de meu filho? Bruno mudou de assunto.
_ Se tu aceitar... Dorothy apenas resmungou.
_ Meu filho ainda não está aqui, irei buscá-lo amanhã... A avó me deu a guarda.
_ Esqueci de contar sobre o Júnior, o Bruno teve um romance com uma mulher e ela teve um filho com ele, mas não ficaram juntos, a criança estava com a mãe desta mulher e agora o Bruno conseguiu convencê-la a dar a guarda para ele. Frank resumiu a história.
_ Isso quer dizer minha cara Dorothy que o menino vai ficar contigo a maior parte do tempo, para dizer a verdade, durante todo o tempo menos é claro à noite... Karyn não parecia lá muito simpática.


_ Meninas, eu creio que seja hora de irmos para nossas casas, Dorothy, amanhã passo aqui logo cedo para irmos juntos buscar o meu filho. Bruno caminhou até a porta.
_ Então até amanhã... Karyn seguiu o irmão.
_ Eu venho te buscar amanhã de tarde para mostrar a escola... ou o que sobrou dela. João Pedro havia ficado em silêncio até àquela hora, mas ao falar esta frase fuzilou Lizzie com um olhar estranho.
_ Estarei esperando... Lizzie respondeu fracamente, havia algo de estranho naquele amigo do primo, algo que ela não havia gostado.
_ Liz, eu vou com o João Pedro para a fazenda, tem uma casa lá e vou morar por lá, se tu não te importa eu vou hoje ainda. Frank avisou a prima.
Mais tarde quando não havia mais ninguém na casa além de Dorothy e Lizzie...
_ Eu não fui muito com a cara deste João Pedro, algo nele não parece bem.
_ Deve ser cisma tua Lizzie, ele não me pareceu mal.
_ Eu te contei a história dele?
_ Frank me contou, mas o que tem isso agora?
_ Nada... Mas me responde uma coisa Dorothy: por quanto tempo ficaremos aqui?
_ Pelo tempo que tu quiser...
_ Eu nem sei, essa história de largar tudo para vir para cá... Não sei...
_ Foi o que tu escolheu minha amiga, não dá para desistir, largaste o emprego...
_ Ainda tenho tempo para pensar, tenho os dois meses de férias...


Na manhã seguinte Bruno veio encontrar Dorothy, iria com ela buscar o filho na cidade próxima...
Bruno era louro, olhos azuis, talvez isso tenha ocasionado à surpresa maior para Dorothy: o menino era moreno de olhos verdes e ela havia visto uma foto da mãe do garoto, loura também.
_ Dorothy, de hoje em diante esse aqui será seu piá, espero que se entendam muito bem... Ao entrar no carro com o menino ele falou num tom de brincadeira.
_ É um lindo menino...
_ Muito calmo, meigo...
Porém nem todos os encontros daquele dia seriam iguais ao de Dorothy. Naquela tarde Frank apareceu na casa de Lizzie, havia vindo buscá-la. Já no carro:
_ O teu amigo disse que viria...
_ Ele estava resolvendo uns assuntos com um vendedor de gado, eu vim até aqui te buscar e depois vou até a cidade fazer uns depósitos, provavelmente ele te trará de volta.
_ Posso ser sincera contigo?
_ Claro...
_ Eu não fui muito com a cara deste teu amigo.
_ Não te assusta, o João Pedro é meio grosso, mas no fundo é uma boa pessoa.
_ Espero que seja.
Ao chegarem à fazenda Frank acompanhou Lizzie até na escola.


Era uma casa velha, estava completamente abandonada, nunca havia sido pintada e ao abrir a porta o que se via era deprimente: carteiras velhas e sujas, livros jogados pelos cantos e consumidos pelo pó.
_ Frank! Isso não é uma escola, é um museu abandonado!
_ Eu não imaginava que estaria neste estado.
_ O que posso fazer com isso? Não tem ao menos um livro didático inteiro.
_ É minha cara Professorinha, mas é bom arranjar um jeito de usar isso, porque é o que terá. A voz veio da porta.
_ João Pedro, já que tu chegou eu vou até a cidade antes que os bancos fechem. Frank falou e caminhou até na porta, parando ao lado do amigo falou sussurrando:
_ Veja lá como vai tratar a minha prima.
Um sorriso cortou o rosto de João Pedro, quando Frank saiu ele dirigiu-se à Lizzie:
_ Essa é a escola...
_ Já vi...
_ Escutei tuas reclamações...
_ Essa escola não tem as mínimas condições para funcionar, está caindo aos pedaços, o material está ultrapassado e destruído, as carteiras estão quebradas.
_ Tu és uma professora não és? Dê um jeito nisso, faça o que quiser, mas não me peça nada, eu só abri esta escola porque o Bruno e o Frank insistiram.
_ Eu sou professora João Pedro! Não faço milagres!
_ Deveria fazer... Eu vou te pagar para dar aulas aqui e para ficar calada, apenas ensinando.
_ Tua mãe foi à última professora nesta escola?


_ Foi... Mas só porque meu pai deu a escola para ela.
_ Isso quer dizer que a trinta e tantos anos isso aqui está fechado? Como tu queres que eu lecione em 2005 com materiais de 1968?
_ Já te falei Lizzie, te vira...
_ Se é assim que tu queres meu caro João Pedro, é assim que farei, mas não podes me negar alguns materiais didáticos, papéis, lápis, canetas...
_ Que seja! Compre o que quiser na conta da fazenda no mercadinho da cidade.
_ Se quiser que a escola funcione esse mês vai ter que reformar ao menos o teto...
_ Já começou pedindo demais...
_ Não vai querer que o teto desabe na minha cabeça e na dos alunos?
_ Quem sabe na tua cabeça não seja lá uma má idéia. Tem certeza que tu és mesmo prima do Frank?
_ Toda certeza do mundo...
_ Parece que não, ele não é tão cabeça dura...
_ Ao menos assim se o teto desabar não me quebra a cabeça.
_ Tu és bem do mal criada, mas deixa quieto, eu ainda te dobro... Pode esperar.
_ Já que estamos sendo muito sinceros eu vou te falar qual a impressão que tenho de ti: para mim tu és muito antipático e grosseiro, mas isso é minha opinião e eu estou aqui para ficar com meu primo e ele te acha muito bom e te considera um grande amigo.
_ Menina teimosa e corajosa, eu acho que encontrei alguém pior do que eu...


_ Já que estamos nos dando tão bem quer me levar embora ou vai me deixar ir de pé?
_ Te levo, quero ter certeza que não vai matar ninguém pelo caminho por não gostar da cara.
A troca de antipatias mútuas entre Lizzie e João Pedro não terminaria por ali.
_ Lizzie, tu vai demorar muito para começar a lecionar?
_ Dorothy, eu nem sei se vou lecionar, a escola está caindo e não tem material nenhum, ou eu transformo aquilo em museu ou tenho que fazer um milagre.
_É tão mal assim?

Nenhum comentário:

Postar um comentário